2 de outubro de 2014

Em defesa do meio-ambiente e contra o capitalismo verde


Dia após dia, acompanhamos inúmeros desastres ambientais pelo mundo inteiro. São mudanças climáticas, terremotos, tsunamis, deslizamentos de terra e secas que os noticiários insistem em chamar de “naturais”. Assim como milhares de pessoas tomam as ruas em protestos por melhores condições de vida, o planeta se revolta contra o uso irracional de seus recursos naturais.
O relatório de 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) aponta que o mundo pode viver uma catástrofe ambiental em 2050, levando mais de 3 bilhões de pessoas a viverem em extrema pobreza motivada, entre outras coisas, “pela degradação do meio ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o acesso à água potável”.
Algo difícil de imaginar para quem vive no Brasil, na Amazônia, no Pará. Por todo o país, há uma enorme diversidade natural, vegetal e animal. Só a Amazônia Legal brasileira ocupa 59% do território, quase metade da Europa, e possui mais de 20% da água doce do planeta. O Pará possui a maior reserva mineral do planeta: Serra dos Carajás!
Mas o uso intensivo da natureza reduz a disponibilidade de recursos naturais até em locais privilegiados. O capitalismo é o responsável por isso. A exploração desenfreada dos recursos naturais e o “desenvolvimento a qualquer custo” não têm limites porque o lucro não pode ter limites.
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Fruto da submissão dos governos brasileiros frente aos organismos de controle do imperialismo e à economia capitalista, várias reformas neoliberais foram implementadas ao longo dos anos.
Ainda no governo FHC (PSDB), o fim do monopólio brasileiro sobre o subsolo nacional ampliou o domínio das multinacionais e ajudou a reforçar o saque das riquezas naturais da Amazônia. Com a lei das patentes, a biopirataria já praticada por multinacionais na Amazônia também ganhou força e fez com que muitos recursos da fauna e da flora brasileiras fossem patenteados no exterior.  Soma-se a isso a implementação da Lei Kandir, que exonera do ICMS a exportação mineral brasileira, tornando estes produtos mais baratos para as multinacionais, aumentando sua exportação e causando perdas importantes na arrecadação de impostos estaduais.
Com a chegada do PT ao poder, a destruição ambiental não foi alterada. Lula, com ajuda de Marina Silva (na época a frente do Ministério do Meio Ambiente), abriram as portas do país aos transgênicos e permitiram a privatização de grandes áreas da Amazônia. Dilma segue a mesma lógica e prova isso ao sancionar, em 2012, o Novo Código Florestal. As mudanças do novo código reduzem as áreas de preservação permanente e flexibilizam a legislação ambiental para fortalecimento do agronegócio e, assim, avançam na conversão do país em uma semicolônia, produtora e exportadora de matérias primas. 
A demanda cada vez maior por matérias primas, por sua vez, tem provocado o avanço das monoculturas, em especial a soja. A região sul do Pará desponta como nova fronteira agrícola. Em Santana do Araguaia, no sul do Pará, no plantio do grão ocupa hoje 60 mil hectares do território do município. O aumento das exportações de soja é estimulado pelo governo brasileiro e, além de  beneficiar o agronegócio, faz com que o Brasil se consolide como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O resultado é a contaminação das águas, terras e dos alimentos por subtâncias extremamente prejudiciais à saúde. 
Enquanto isso, o desmatamento volta a crescer na região. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), só em maio de 2014, Amazônia Legal perdeu 185 km² de floresta.
Grandes multinacionais da mineração exploram em ritmo assustador as imensas reservas minerais da região e a exploração madereira, que obtém lucros altíssimos pela exploração irresponsável da floresta,  continuam colocando em risco árvores centenárias, raras e ameaçadas de extinção. A violência aumenta com a disputa de terra. De acordo com a ONG britânica Global Witness, o Brasil se destaca como o país mais perigoso do mundo para ambientalistas. Segundo o estudo, em dez anos, 908 ativistas foram mortos em 35 países, sendo 448 assassinatos só no Brasil.
A proteção das florestas é necessária para a garantia da sobrevivência dos povos tradicionais e dos indígenas e a preservação ambiental caminha ao lado disso. Mas de longe passa pela proposta do “desenvolvimento sustentável” e do “consumo consciente” dos governos e do Banco Mundial, pois esses modelos continuam sendo baseados no lucro. O capitalismo é incapaz de dar respostas à crise ambiental porque não pode ir de encontro com as grandes empresas.
Um programa coerente, de defesa ao meio ambiente deve:

- Defesa da Amazônia. Pelo controle dos trabalhadores sobre a floresta!
- Fim à Lei Kandir
- Reestatização da Vale
- Contra o agronegócio a sua expansão destruidora
- Estatização de todas as empresas que causarem contaminação do ar, do solo e da água.
- Suspensão da produção, utilização transporte e armazenamento dos transgênicos.
- Pelo fim da Lei das Patentes. Abaixo a pirataria. 
- Revogação do Novo Código Florestal. Proteção e ampliação das Áreas de Preservação Permanente!
- Não à construção de Belo Monte e outras hidrelétricas na Amazônia
- Mais investimentos em pesquisas de desenvolvimento de energias limpas (solar e eólica)
- Por uma sociedade sustentável, que respeite o meio ambiente no seu processo de desenvolvimento. 
- Por uma sociedade socialista. 

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